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Arquitetos: Naso
- Área: 45 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Maureen M. Evans
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Fabricantes: Ecoblock
Descrição enviada pela equipe de projeto. Como resultado dos terremotos de setembro de 2017, diversos escritórios de arquitetura e colaboradores, nacionais e internacionais, se juntaram ao ReConstruir México, um projeto apoiado por PienZa Sostenible, que surgiu com o objetivo de unir forças para uma reconstrução consciente e sustentável. Dezessete meses após a tragédia, PienZa Sostenible conseguiu administrar mais de 150 projetos de reconstrução em 6 estados graças ao apoio de diferentes doadores, organizações e voluntários, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas em comunidades que não só sofreram graves danos ao seu patrimônio, mas apresentam vulnerabilidade e privação social.
De agosto de 2017 até hoje, um total de 16 casas foram entregues em Ocuilan, Estado do México. O projeto promovido por #LoveArmyMéxico conta com o apoio da Fundación Origen, ¡Échale! a tu Casa, Fideicomiso Fuerza México e PienZa Sostenible, e é composto por 50 moradias unifamiliares projetadas por mais de 40 escritórios de arquitetura, além de um Centro Comunitário, da T_O Arquitectura.
A Casa Martha está localizada entre Malinalco, um sítio arqueológico e turístico, e Chalma, um dos centros de peregrinação mais importantes do México. O núcleo familiar é formado pelos pais e seus dois filhos. A mãe é uma senhora idosa que tem dificuldade em andar, enquanto o pai é cego. Os dois filhos - adultos solteiros na casa dos 40 - moram com eles. A situação familiar e as condições dos seus membros foram o ponto de partida para o projeto, resultando em três ideias fundamentais: primeiro, gerar circulações acessíveis, eficientes e claras que permitam a independência dos idosos; segundo, promover a interação e a convivência entre pais e filhos, respeitando a privacidade de cada um; e, finalmente, incluir espaços que abram possibilidades e promovam a economia compartilhada facilitando a geração de renda adicional para a família.
Optou-se por projetar a nova casa sobre a mesma superfície que a anterior, pensando na estabilidade do terreno, na facilidade de construção e na intenção de evitar desníveis nos espaços para ir de encontro às necessidades de acessibilidade dos pais. Disso surgiu um volume principal de planta retangular, dentro do qual estão os espaços de uso comum: cozinha, sala de jantar e banheiro; bem como dois quartos. Um destes dormitórios foi pensado para ser utilizado por um dos filhos e do seu lado oposto está o quarto principal alinhado com a cozinha e a sala de jantar e cuja porta está perfeitamente alinhada com a porta do banheiro permitindo a circulação direta sem quaisquer obstáculos. O núcleo ou o espaço público da casa pode ser totalmente aberto através de portas de correr, de forma que possibilita a integração com o exterior, que acabará por funcionar como um grande pórtico, permitindo a imersão dos seus habitantes na paisagem natural e social que os rodeia.
O terceiro cômodo tem maior independência, está localizado em um segundo nível que é acessado por uma escada independente e também é possível usar a cobertura da casa principal como terraço. Formalmente, a presença desta sala confere carácter ao projeto através de uma abóbada de concreto que nos remete às montanhas que rodeiam a casa, e ao mesmo tempo responde ao clima chuvoso da região. O mesmo sistema construtivo foi utilizado para todas as obras de reconstrução, a partir de um bloco fabricado no local.
A localização desta casa é muito interessante, pois está perto de várias atrações turísticas. Por este motivo, o fato de ter o terceiro ambiente independente do restante da casa, permite pensar num modelo econômico que sirva de suporte para o sustento da família, como o aluguel desse quarto através de plataformas ou através de contratos. É assim que a casa, numa área muito reduzida, tem a possibilidade de abrigar diferentes formas de vida, ao mesmo tempo que oferece um futuro estável, social e independente à família.